C om novas músicas, novas
idéias e novo formato, o Símios percorre
o “mundo” para divulgar seu trabalho e até
conscientizar o público de que não
só de música vive a banda. Como diz
Danni Boy, “o mundo está sempre em processo
de evolução e não é
diferente com o Símios”. O grupo também
fala dos projetos em escolas públicas e do
DVD “Quase Acústico”, em parceria com a Gazeta
Produções que está “quentinho,
saindo do forno” . A seguir, a evolução
dos primatas Danni Boy, Cachalote, Piuí e
Macaco.
E
N T R E V I S T A
AGITO
Com seis anos de existência,
três com a formação atual, dois
CD's lançados, e agora um DVD, vendo o trabalho
começando a se expandir a um nível nacional,
e segundo sabemos, até internacional, o que
mudou na consciência de vocês desde o
início da banda até agora?
SÍMIOS Danni
Boy – De
97 pra cá, houve muitas mudanças. A banda
começou com uma formação que durou
até o ano 2000. Ficamos um tempo meio parado,
meio sem rumo, e de 2001 pra cá formamos uma
nova banda.
Com
uma nova formação mudamos também
o estilo, a pegada, a forma de tocar. Os Símios
passam por uma evolução constante, e
não só musicalmente falando. Aprendemos
muito com tudo que fizemos, principalmente com os
erros. Agora temos outra visão da coisa, estamos
mais experientes e, conseqüentemente, mais conscientes
também.
Macaco
– Só para acrescentar algo na fala
do Danni Boy: antes ele era só baixista e agora
assumiu os vocais e isso foi importante. E o que acabou
acontecendo? A gente tinha um estilo mais agressivo
no começo do Símios, uma coisa até
mais para o punk rock, sem compromisso e isso se refletiu
nas nossas músicas, na nossa escrita e tal.
Como a mudança foi do primeiro pro segundo
disco, e nessa época a banda quase acabou,
o Dejávu veio para ser um resurgimento
nosso, por que ele veio com nova formação
e com nova mentalidade. Inclusive era o compromisso,
que o nosso compromisso tava totalmente ‘coisa do
passado' – por um lado equivocado e por outro servindo
como escola do que a gente não deveria se envolver.
Acabou acontecendo um lance com gravadora e tudo mais.
O Dejávu veio de forma independente,
nossa mentalidade mais independente, começamos
a pensar de forma diferente e o DVD que a gente vai
lançar agora, veio pra marcar isso aí.
Estamos num novo processo de transformação
que é o terceiro disco. A gente tá compondo
músicas pro disco, as temáticas mudaram
de novo, estamos num esquema bem voltado para o lance
da esperança, de fé, mostrando um lado
mais espiritual e por outro lado o rock'n roll também.
Não vamos perder a essência encontrada
lá no primeiro disco. Só que o foco
vai mudando claramente e isso vai se agregar no tipo
de sonoridade e no tipo de discurso que iremos passar
também.
AGITO
A questão da música “Muchachas”, do
primeiro disco, ter emplacado em Malhação
e agora não haver músicas de vocês
tocando na Globo, por exemplo, implica em alguma coisa
na nova forma de trabalhar da banda?
SÍMIOS Danni
Boy –
Pra lhe ser honesto, eu acho que tá melhor agora
do que antes, em termos de divulgação.
Sabe por quê? O que significa ter uma música
na Malhação? Você tá na Globo,
tá saindo na novela e tudo mais... só
que naquele momento ninguém sabia quem era Símios
e isso não foi trabalhado, não foi divulgado
Símios. Então é mais uma música
tocando por aí.
Cachalote
– Na verdade é a diferença
entre status e realização. Na prática,
o que apareceu na trilha foram as guitarras (tan tan
tan...), mais nada. Quando a música, por exemplo,
é tema de um casal, aí sim tem um esquema
de divulgação muito maior. Mas esse
nome Malhação, era muito mais status
– “ah, tem uma música nossa em Malhação”
– do que uma forma real de divulgação.
Então hoje a gente perde esse status, por que
quando você sai de uma gravadora, você
deixa de se preocupar com isso, e começa a
trabalhar mais “na real”. Tudo bem, a gente não
está tocando nem 5 segundos de músicas
nossas em nível nacional, mas tá tocando
elas inteiras em rádios de Minas, em rádios
da Bahia, em possíveis rádios do Rio,
em Campos. Entendeu? Então, apesar de parecer
pequeno, é maior. E o que as vezes parece que
é muito grande, não faz diferença
nenhuma.
AGITO Falem
um pouco sobre o projeto que os Símios têm
nas escolas. Esse lance de tocar e trocar uma idéia
com os alunos... Como é isso?
SÍMIOS Piuí
– Isso é muito
legal! E aliás é algo que não somos
os únicos a fazer, mas conosco rolou um “inside”
pra fazer isso desde a periferia. Afinal, tem que haver
uma troca! Não se pode pensar em fazer isso só
para vender meu disco, divulgar minha música.
Claro, divulgar minha música também. Mas
quando você vai lá, você percebe
que tá indo fazer muito mais do isso. Você
tá levando alegria pra uma garotada que você
nunca viu, cara. Ele vai ver uma bateria de perto, uma
guitarra. Pô, eu lembro que isso já aconteceu
comigo quando era criança, chegava perto dos
instrumentos e: “Nossa, que monstro é esse?!”.
Macaco
– E em contra partida a gente tem um retorno
maneiríssimo. Carinho pra caramba. As crianças
se envolvem com uma proximidade muito grande com a
gente, com nosso som. Começamos a desenvolver
o nosso lado violão. Perdemos em atitude por
estar tocando sentado, por outro lado ganhamos em
intimidade. Esse lance de intimidade, olhar no olho
delas.
A
ditadura das músicas de trabalho, dos discursos
iguais. As bandas vão para o palco e parece
que tão falando as mesmas coisas: “a nossa
música de trabalho é tal”, “a gente
tá tocando nas rádios”, “e aí
galera, ‘vamo' sair do chão...”, e isso é
muito vazio, isso é muito vago. As escolas
deram a oportunidade pra dizer: “como é que
é teu nome?”, “qual é a sua idade?”,
“o que que vocês querem?”
Danni
Boy – Eu achava que era tudo número
ali. Um monte de cabeças. Aí, você
começa a ver que são pessoas, cada uma
com um sonho diferente, cada uma especial, cara. Aquele
show pode ser inesquecível pra essas pessoas.
AGITO Nós
gostaríamos que vocês falassem um pouco
sobre o DVD que estão lançando.
SÍMIOS Macaco
– Pô, achei que
a gente fosse falar sobre o Lula. <risos>
AGITO
Tudo bem, aqui o lance
é democrático. Vamos falar sobre o Presidente
então... (mas depois sobre o DVD...)
SÍMIOS Macaco
- Nós conseguimos!
Desta vez o povo tá no poder. O que vai acontecer
daqui pra frente ninguém sabe, mas é uma
etapa vencida na história. Um cara que não
tem currículo, que não é filho
do mercado, um cara que vem de baixo assumiu o poder!
AGITO
É verdade. Mas
como isso dá muito “pano pra manga” vamos falar
sobre o DVD !
SÍMIOS Danni Boy –
O DVD registra imagens gravadas em 2002 – 5 de dezembro
de 2002 – e tá sendo lançado um ano depois.
Ele registrou um momento que não é o de
hoje, é de um ano atrás. É um momento
que a gente tava saindo do Déjavu ,
já começando a compor coisas pro outro
disco. Mostra um processo dentro da nossa vida. Não
foi uma coisa premeditada. Tivemos bons equipamentos,
bons profissionais à disposição,
som de primeira e com o melhor sistema de gravação...
Aliás,
quero aproveitar e revelar uma coisa aqui: esse negócio
de acústico é o maior “caô” que
existe. O “acústico” nada mais é do
que tocar mais baixo e sentado num banquinho. As pessoas
entendem isso. Vêem um banquinho e tá
tudo certo: É acústico! Não é
bem por aí... Bem, voltando: estamos com tudo
pronto, tudo só esperando uma ou outra parte
burocrática ser resolvida para lançarmos
o DVD. Ainda não marcamos uma data para o lançamento,
mas tudo isso deve ser acertado nas próximas
semanas.
AGITO
O que vocês acham
da possibilidade de ir tocar no Japão?
SÍMIOS Danni
Boy – Achamos maravilhoso!
Se existe esta hipótese é porque a coisa
tá fluindo bem, afinal, entre o Brasil e o Japão
existe “meio mundo” de distância, literalmente
falando. Mas acreditamos que a música é
uma linguagem universal. É claro que cada povo
tem sua cultura e temos de respeitar todas. Mas a música
tem esse aspecto, essa capacidade de unir, de aproximar
os povos. E, aliás, seria também super
interessante se uma banda japonesa pudesse vir ao Brasil
pra fazer algumas apresentações.
AGITO
Deixem uma mensagem para
os visitantes do “Agito Japão”, para toda a comunidade
brasileira no Japão e também para os japoneses.
SÍMIOS
Macaco
– Para os visitantes
do site mandamos um abração e aproveitamos
para divulgar o nosso site também, que é
o www.simios.com.br
. Lá vocês verão fotos, vídeos,
agenda de shows, histórico da banda, etc, etc,
etc.
Bem,
para os brasileiros que moram no Japão, queremos
dizer que voltem ao Brasil sempre que puderem, e que
tragam boas notícias do Japão e de todo
o Oriente.
Já
para os Japoneses só queremos dizer uma coisa:
obrigado por terem inventado o saquê!!!
Abração
para Equipe do Agito Japão e parabéns
pelo projeto de vocês que está super
10!